As equipes de Saúde das cidades de Vinhedo, Valinhos e Itatiba querem menos burocracia, mais eficiência no atendimento e uma rede acolhedora, que acompanhe as mudanças da sociedade. A nova maneira de pensar a Saúde está em debate entre os três municípios que decidiram criar um consórcio para unir as redes e estabelecer um modelo de gestão. Técnicos e secretários participaram na manhã desta terça-feira, dia 1º, em Itatiba, da terceira reunião do grupo.
Na próxima semana, será entregue um levantamento da estrutura, gargalos e potenciais de cada município. Os dados servirão de guia para a formatação jurídica do consórcio. Dos 280 mil moradores das três cidades, mais da metade, ou seja, 51,5%, depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sem previsão de mais recursos e com o orçamento estrangulado pelos gastos nos setor, os prefeitos decidiram unir forças para melhorar o atendimento, ter à disposição mais equipamentos e conseguir no mercado preços mais atrativos para a compra de medicamentos e insumos. Juntas, as cidades que são vizinhas possuem 21 ambulâncias, três santas casas, um hospital particular, rede de atendimento básico e de especialidades. As equipes do Hospital Galileo e da Faculdade São Leopoldo Mandic participam da discussão.
Muitos moradores já utilizam a estrutura de saúde das três cidades. No entanto, não existe uma gestão integrada capaz de gerenciar as vagas e otimizar o atendimento. As parcerias entre os municípios crescem à medida que os recursos do governo federal, que deveriam chegar até as cidades para ampliar o atendimento à Saúde, diminuem e aumenta o número de dependentes do SUS. Para os secretários, muitas instituições analisam o problema, mostram as deficiências na Saúde, mas poucas são as soluções apresentadas para melhorar a rede, o atendimento e a estrutura.
“A sociedade quer discutir o assunto. Mas só enxergamos o problema. A gente não encontra programas que mostram soluções para a Saúde. A proposta do consórcio é uma alternativa e deve funcionar dentro de um novo conjunto de regras”, disse o secretário de Saúde de Vinhedo, Alexandre Viola.
Os consórcios foram estruturados no Brasil na década de 90. Desde então, os investimentos na Saúde mudaram, assim como a rede em todo País. Por isso, os secretários querem criar um novo sistema de gestão com menos burocracia. No antigo modelo, muitas vezes eram pessoas que não estavam ligadas ao setor que tinham nas mãos o poder de decidir sobre os investimentos. A ideia agora é pensar a Saúde com ações de desenvolvimento, autonomia e acolhimento.
Para o secretário de Saúde de Itatiba, Fábio Luiz Alves, é preciso que outros profissionais da Saúde como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, tenham autonomia no atendimento. “Também temos que pensar no acolhimento. Nós acreditamos que a rede de Saúde deve atender às necessidades dos pacientes. Não faz sentido agendar, por exemplo, marcação de exame para um único dia. Nós não sabemos quais são as rotinas desses pacientes, se eles podem ir até o posto naquele dia, e é isso que precisamos aprender a entender para que a nossa Saúde melhore”, afirmou.
O secretário de Saúde de Valinhos, Nilton Tordin, afirmou que o grande problema é a burocracia. “Nós todos temos um objetivo, que é agilizar o processo de compras de medicamentos, insumos, de contratações. Nossas licitações demoram meses. Depois, no meio do caminho, você recebe a notícia que a empresa vencedora vai atrasar a entrega. Temos que parar com isso. Acabar com a judicialização da Saúde. A burocracia trava o nosso sistema”, disse o secretário.
A próxima reunião do grupo técnico será na quarta-feira, 9, em Itatiba. As equipes devem discutir o levantamento da rede de cada cidade e traçar a estratégia para a consolidação do consórcio.