Um homem de 32 anos desmaiou após consumo de álcool e drogas sintéticas vendidas em uma festa rave. Ele recebeu os primeiros socorros, mas morreu na ambulância a caminho do hospital, na cidade de Aracaju, SE. Uma mulher de 26 anos foi encontrada inconsciente em seu apartamento. Na noite anterior, ela foi a uma festa rave e usou comprimidos de ecstasy e maconha. Um homem de 35 anos consumiu álcool e outras drogas em sua própria casa, por dois dias consecutivos. Ele foi encontrado inconsciente, com depressão neurológica. O paciente recebeu alta 35 dias depois, em estado vegetativo com danos neurológicos.
De acordo com o Laboratório de Toxicologia Analítica do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campinas (CIATox) onde foram feitos os exames toxicológicos, esses pacientes apresentaram, em comum, a presença da N-etilpentilona, também conhecida como N-etilnorpentilona ou efilona.
“A N-etilpentilona é uma droga sintética popular ainda com pouca informação sobre sua toxicologia e farmacologia. Os efeitos são semelhantes ao da cocaína, com sintomas que podem incluir palpitações, taquicardia, hipertensão, agitação, comportamento agressivo, convulsões, alucinações, coma e morte”, revela o toxicologista e professor da Unicamp José Luiz da Costa.
Os relatos destes e de outros casos de intoxicação feitos pela equipe do CIATox foram aceitos para publicação na revista Drug Testing and Analysis. Leia o artigo. Todos os seis indivíduos descritos no artigo eram suspeitos de exposição a drogas de abuso e tinham sintomas de intoxicação aguda por drogas. As amostras de sangue dos pacientes foram submetidas à triagem toxicológica padrão por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa. A concentração de álcool no sangue foi determinada por cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama.
“Desenvolvemos e validamos um método analítico para a quantificação de N-etilpentilona em amostras de sangue e urina para diagnóstico das intoxicações e descrevemos os sintomas clínicos de cada caso. Descobrimos que as concentrações de N-etilpentilona no sangue humano variaram de 7 a 170 ng/mL”, explica Costa.
Ainda de acordo com o artigo, quatro dos seis casos descritos participaram de festas rave em que ingeriram comprimidos de ecstasy, outras drogas de abuso e álcool. De acordo com Costa, evidências recentes sugerem que as pílulas de ecstasy podem conter N-etilpentilona, isoladamente ou em combinação com o MDMA, princípio ativo comumente presente no ecstasy.
“Usuários de drogas recreativas devem estar cientes de que os efeitos da N-etilpentilona podem não imitar alguns efeitos do ecstasy e apresentar um risco substancial, uma vez que esse composto tem efeitos mais potentes e podem induzir a complicações cardiovasculares e neurológicas e levar a consequências médicas fatais”, alerta Costa.
Os telefones de contato do CIATox são: (19) 3521-7555, 3521-6700, 3521-7373.