Terça-Feira, 04 de Abril de 2017 - Hora:11:06

Unicamp: Cesárea, obstetra vê ‘assimetria de poder’ entre médicos e parturientes

Para especialista, fatores sociais complexos explicam a alta taxa de ocorrências do procedimento no país

A taxa de cesáreas realizadas no Brasil, que vinha crescendo há décadas e que, em 2010, pela primeira vez superou os 50% do total de partos, parou de subir em 2015, quando registrou queda de 1,5 ponto porcentual na comparação com o ano anterior, estabilizando-se em 55%, de acordo com dados divulgados no início de março pelo Ministério da Saúde. Ainda assim, a taxa permanece alta: documento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, reafirma um consenso científico dos anos 80 de que, em termos de população geral, não há justificativa médica para uma taxa de cesáreas superior a 15%.

 

O documento da OMS afirma ainda que, à medida que a taxa de cesáreas numa população supera os 10%, os benefícios da prática, medidos em termos de redução da mortalidade materna e neonatal, começam a se confundir com os trazidos por melhores condições socioeconômicas, o que sugere que, a partir desse ponto, a condição social da mãe acaba sendo tão ou mais importante que o procedimento.

 

O professor titular de Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, José Guilherme Cecatti, atribui a estabilização do índice de cesáreas a uma conjunção complexa de fatores, incluindo políticas adotadas pelas autoridades, mobilização da sociedade civil, uma mudança cultural que veio a valorizar o parto natural e uma maior pressão da Agência Nacional de saúde Suplementar (ANS) sobre os planos de saúde privados, com a exigência de informações e justificativas para o uso da cesárea.

 

A taxa de cesáreas realizadas no Brasil, que vinha crescendo há décadas e que, em 2010, pela primeira vez superou os 50% do total de partos, parou de subir em 2015, quando registrou queda de 1,5 ponto porcentual na comparação com o ano anterior, estabilizando-se em 55%, de acordo com dados divulgados no início de março pelo Ministério da Saúde. Ainda assim, a taxa permanece alta: documento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, reafirma um consenso científico dos anos 80 de que, em termos de população geral, não há justificativa médica para uma taxa de cesáreas superior a 15%.

 

O documento da OMS afirma ainda que, à medida que a taxa de cesáreas numa população supera os 10%, os benefícios da prática, medidos em termos de redução da mortalidade materna e neonatal, começam a se confundir com os trazidos por melhores condições socioeconômicas, o que sugere que, a partir desse ponto, a condição social da mãe acaba sendo tão ou mais importante que o procedimento.

 

O professor titular de Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, José Guilherme Cecatti, atribui a estabilização do índice de cesáreas a uma conjunção complexa de fatores, incluindo políticas adotadas pelas autoridades, mobilização da sociedade civil, uma mudança cultural que veio a valorizar o parto natural e uma maior pressão da Agência Nacional de saúde Suplementar (ANS) sobre os planos de saúde privados, com a exigência de informações e justificativas para o uso da cesárea.

 

Essa percepção vem mudando com o aumento da busca pelo parto natural, disse ele, que é auxiliada por inovações como a lei que garante a presença de um acompanhante no hospital ou maternidade. “Acredito que ter alguém junto tenha representado, também, um papel de controle social”, ponderou.

 

“Porque numa relação entre o profissional e uma mulher que está em trabalho de parto, há uma assimetria de poder. Às vezes basta um olhar, uma insinuação do médico, e a mulher já concorda com a cesárea. Se há um acompanhante junto, o poder de raciocínio, de barganha, de cobrar explicação, aumenta”, disse o professor. “E isso acaba funcionando como um controle social: cesárea por quê? Não dá para esperar mais um pouco? Não está quase lá?”

 

Humanização

Cecatti ressalta que a ideia de retorno ao parto natural e de humanização do parto – e da medicina – não exige que se prescinda da tecnologia. “Pessoalmente, acho que o meio termo é o ponto para tudo. Nesse processo de volta ao normal, ao natural, existem alguns grupos que a meu ver são extremistas”, declarou. “A cesárea é sim um procedimento importante e às vezes necessário. Ela é boa quando usada na medida da necessidade comprovada”.

 

Enquetes
Fale conosco
Itupeva - Sp - Brasil
Contato comercial: Herikson Almeida
Telefone 11 9.9674-9857 - 11 9.4866-5716
Email: contato@gazetadeitupeva.com.br
Contato redação:
Email: redacao@gazetadeitupeva.com.br
Formulário de Contato
Copyright © 2024. Portal de Notícias Gazeta de Itupeva.
Todos os Direitos Reservados
Desenvolvedor Web