A chupeta é sempre um assunto polêmico e a opinião dos pais se divide ao falar disso: alguns preferem oferecê-la para o filho no começo da vida, enquanto outros abominam a ideia. Com intuito de orientar os cuidadores e trazer recomendações para os profissionais de saúde, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou no início de agosto um guia prático de atualização sobre o uso desse acessório em crianças que são amamentadas.
O documento, elaborado pelo Departamento Científico de Aleitamento Materno, apresenta os prós e contras da escolha. Ele destaca que estudos observacionais mostram que a chupeta interfere no desmame precoce e reforça a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que não a aconselha para bebês que mamam no peito. Só que, paralelo a isso, a Academia Americana de Pediatria sugere o seu uso – mas somente quando a amamentação já está estabelecida – para evitar a síndrome de morte súbita.
O fato é que não há um consenso internacional, mas o manual aponta algumas hipóteses para essa relação. Entre elas que o acessório pode causar confusão de bicos e aumentar o espaço de tempo entre as mamadas, levando, com o tempo, a cessar o aleitamento materno; ou que a introdução dele é uma consequência que mostra que problemas com a amamentação estão ocorrendo; e até mesmo que há interferências por conta do temperamento do bebê e da relação dele com a mãe.
Apesar de ainda não termos diretrizes completamente claras sobre a questão, sabe-se que o utensílio oferecido aos pequenos para acalmá-los traz mais prejuízos do que benefícios. E segundo o guia do SBP, atrapalha a dentição, a mastigação e a deglutição, a respiração, a fala e a linguagem oral, podendo causar otite média aguda e a até a tendência no futuro de vícios orais – como fumar ou comer compulsivamente.
Embora controversos, também são apresentados na declaração argumentos a favor do acessório, mostrando que ele pode ser benéfico em alguns casos – como em prematuros que são alimentados por sonda nasogástrica, ou para aliviar a dor em recém-nascidos. Mesmo assim, a instituição é categórica ao tratar do tema: “Diante das evidências disponíveis, é possível afirmar que o uso de chupeta pode ser considerado um dos fatores de risco à manutenção da amamentação, passível de modificação”.