A Páscoa deste ano ainda nem chegou e as principais fabricantes de chocolate do país já definiram os produtos que serão vendidos na edição de 2019. E as novidades para a Páscoa de 2020 e 2021 já estão sendo pensadas. O planejamento da Páscoa, um dos períodos de maior venda de chocolates no ano, começa com cerca de 2 anos de antecedência.
Nas fabricantes de chocolate, o "coelhinho da Páscoa" trabalha o ano inteiro. Tanto a Mondelez, dona da Lacta, quanto a Nestlé, que também é dona da marca Garoto, têm um executivo encarregado apenas da Páscoa. Ricardo Reis é o responsável pela Páscoa da Lacta, e Keila Broedel, pela Nestlé/Garoto.
São eles que coordenam as equipes que vão escolher coberturas e recheios dos ovos de Páscoa, seus formatos, embalagens e brindes.
O processo de escolha do que vai entrar no portfólio da Páscoa envolve diferentes estratégias. Veja algumas delas usadas pelas fabricantes de chocolate:
Para a escolha dos produtos, a opinião do consumidor é essencial. Pesquisas quantitativas e qualitativas são realizadas continuamente para saber a demanda e a aceitação dos consumidores pelos ovos de chocolate. Além disso, as fabricantes monitoram redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter.
Neste momento, a Lacta está mapeando o mercado para ver o que o consumidor busca e o quanto está disposto a pagar na Páscoas de 2020 e 2021.
Um exemplo de como o desejo do consumidor vira um produto na prateira foi a volta do ovo Ouro Branco neste ano, após ficar de fora da Páscoa passada. A empresa recebeu quase 500 pedidos de consumidores saudosos da marca, e o tradicional bombom voltou em um ovo com tripla camada na casca e embalado em lata presenteável, um carros-chefes nos lançamentos da fabricante.
Na Nestlé/Garoto, outra fonte de inspiração para os próximos produtos é setor de atendimento ao consumidor. O lançamento do ovo Surpresa foi pedido dos clientes. “Ano após ano recebíamos a sugestão de relançar a marca que foi sucesso na década de 80. Guardamos o pedido com muito carinho e em 2017 atendemos à expectativa do consumidor”, conta Keila.
A escolha dos produtos da linha infantil leva em conta pesquisas sobre o universo da garotada, mapeamento de todos os licenciamentos que estão no mercado e acompanhamento dos lançamentos da indústria do cinema.
Como a maioria dos brindes é baseada em filmes e desenhos animados, as fabricantes precisam pagar o licenciamento às empresas detentoras da propriedade para poder incluir personagens em seus brindes.
Mas não é apenas o que as crianças querem que importa. Afinal, quem compra o ovo de Páscoa, em geral, são os pais.
Keila conta que o brinde escolhido para o ovo Baton deste ano – um copo que vem com um canudo em espiral que faz o líquido girar – veio das queixas de mães que achavam difícil fazer o filho tomar suco ou leite. “Então veio a ideia de colocar o canudo para a criança se divertir enquanto toma o líquido”, conta.
A diretora da Nestlé/Garoto explica que a empresa encaminhou aos fornecedores a demanda de um copo para ajudar as crianças a tomar suco. A ideia final se consolidou após apresentações de propostas pelos fornecedores e pedidos de alterações da fabricante.
O fato de terem filhos pequenos ajuda Reis e Keila a entender melhor as preferências do universo infantil.
O filho de 12 anos do gerente de Páscoa da Lacta é seu “primeiro laboratório”. Quando o produto ainda está sendo avaliado para ser incluído no portfólio, o primeiro lugar que o gerente leva é para sua casa. “Se meu filho olha e fala que gosta eu sei que estou no caminho certo”, diz.
O filho dele foi o primeiro a avaliar a embalagem que traz miniovos e miniaturas dos personagens da “Hora de Aventura”. “Era um protótipo ainda, ele disse ‘que demais, eu quero’, e é o produto que está com a melhor performance de vendas entre os infantis este ano”, diz.
Na Lacta, a Páscoa é pensada com 18 meses de antecedência. Na Nestlé/Garoto, há produtos que começam a ser produzidos 20 meses antes.
“A gente olha sempre os próximos três anos, até a Páscoa de 2021. A mais urgente é a de 2019”, diz Reis.
Segundo ele, os produtos de 2019 já estão definidos, incluindo os licenciamentos da linha infantil, e as embalagens estão em processo de desenvolvimento. Neste momento, a empesa pensa em formatos, embalagens e brindes. O cronograma é de 3 etapas:
“O período que mais se trabalha é de setembro a março, que é quando juntam as Páscoas atual e a próxima, diz a diretora de Chocolates da Mondelez.
Na Nestlé e Garoto, o portfólio de 2019 também está definido, em fase de teste industrial. “O frio na barriga já começou porque a Páscoa é agora e já estamos de olho nas de 2019 e de 2020. A gente perde a noção do ano que em que estamos porque tem dias que passamos por três anos de projeto”, comenta Keila, gerente de marketing sazonais.