A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estima que 14,3 milhões de brasileiros tenham diabetes mas, de acordo com o endocrinologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FMC) da Unicamp, Marcos Tambascia, "metade não sabe que tem a doença". Em Campinas (SP), a Secretaria de Saúde estima que a cidade tenha 100 mil diabéticos. "Temos praticamente uma epidemia", alerta.
Tambascia destaca neste Dia Mundial de Combate ao Diabetes, celebrado nesta terça-feira (14), a importância de alertar a população sobre os riscos da doença.
Em Campinas, a Secretaria de Saúde destaca que em todas as unidades de saúde do município é possível fazer o acompanhamento e tratamento da doença. De acordo com o professor da Unicamp, testes e exames simples fazem o diagnóstico do diabetes.
"É só furar a ponta do dedo, pegar uma gotinha do sangue e ver a taxa de glicemia no sangue. Em caso de positivo, fazemos uma repetição em laboratório para confirmar", explica Tambascia.
O endocrinologista destaca que a falta de diagnóstico e o desconhecimento de medidas simples para controle da doença têm causado problemas alarmantes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, são três os tipos mais comuns de diabetes:
De acordo com Marcos Tambascia, manter hábitos saudáveis é a melhor maneira de prevenir e também, na maioria dos casos, tratar a doença.
"O tipo 2, que atinge grande parte da população, está mais relacionado com hábitos de vida, entre eles o envelhecimento, que não podemos fazer nada para evitar, mas principalmente o excesso de peso e sedentarismo. Com isso, manter uma prática regular de exercícios e manter o peso são essenciais para evitar o diabetes."
Coordenador do Laboratório de Investigação em Diabetes e Metabolismo (Limed), da Unicamp, o professor Bruno Geloneze destaca que o aumento da obesidade nas populações mais jovens tem provocado mais casos de diabetes no Brasil. "O aumento da obesidade precoce está fazendo com que o diagnóstico da doença, que antes ocorria entre os 40 e 50 anos, apareça antes mesmo dos 30", conta.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Geloneze explica que o Limed realiza diversos estudos para identificar causas do diabetes. Segundo o profissional, há uma peculiaridade que chama a atenção na população jovem brasileira.
"Nós temos observado que no Brasil, diferentemente de outros países, e apesar de registrar muita obesidade na infância e na adolescência, nós temos muito menos casos de diabetes tipo 2 em jovens do que nos Estados Unidos, por exemplo. É um detalhe da nossa genética que nos protege um pouquinho. Mas isso não quer dizer que essas pessoas não tenham o risco de desenvolver a doença", explica.
Para Geloneze, desvendar as causas do diabetes pode favorecer novos tratamentos. "A tendência é de uma medicina de precisão. Não tratar mais um grupo de um jeito, e um grupo de outro. O futuro vai ser tratar subgrupos, cada qual com suas características, com o remédio certo para cada um."