Desde que Roberto Flumian recebeu o diagnóstico de diverticulite se viu obrigado a conviver com a bolsa de estomia. O caso deste vendedor se enquadra naquela categoria que permite a cirurgia de reversão de colostomia. O que ele não imaginava era entrar em uma fila de espera que por três anos não andou. Em 2015, todos os exames pré-operatórios foram realizados e a cirurgia marcada, mas o rompimento do contrato entre a Prefeitura de Jundiaí e o Hospital Universitário (HU) adiou o sonho de Roberto.
“É um sentimento que eu não consigo descrever. Frustração, desrespeito e descaso tudo junto. Além disso, tem todos os exames que antecedem a cirurgias que são chatos de fazer”, descreve.
No mês passado, a esperança voltou a fazer parte da vida de Roberto e de outros 58 pacientes que estão sendo contemplados pelo mutirão de cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal, realizado pela Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS). O procedimento foi retomado graças ao esforço da equipe cirúrgica do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HCSVP).
Antes de chegar à mesa de cirurgia, Roberto e todos os pacientes que possuem a bolsa de colostomia são inseridos no Programa de Atendimento aos Estomizados. O atendimento é feito no Núcleo de Assistência à Pessoa com Deficiência (NAPD) e inclui orientações sobre cuidados ao estoma (abertura feita na parede abdominal), auxílio na limpeza, forma correta de manutenção e troca da bolsa de estomia, além de dar orientações de uso e apoio por meio de equipe multidisciplinar.
Segundo a enfermeira responsável pelo programa, a estomaterapeuta Helena Soares de Camargo Pantaroto, estes pacientes passam por uma etapa pré-operatória, em que realizam acompanhamento, exames e orientações sobre a cirurgia. “O mesmo vale para o pós-operatório, com o acompanhamento realizado por três meses, para fazer o desligamento gradativo do paciente com as atividades da clínica”, ressalta.
Helena revela que o programa possui uma abrangência maior ao ofertar o mesmo atendimento àqueles pacientes que nem sempre poderão passar pela cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal. “Este trabalho inclui além de todas as orientações necessárias a um paciente estomizado, a oferta de material e o reforço da equipe mutidisciplinar, quando necessário”, explica.
Atualmente, o programa atende cerca de 270 pacientes, de recém-nascidos a idosos com 90 anos. “Para cada perfil é prestado um atendimento de acordo com as necessidades. No caso das crianças em idade escolar, desenvolvemos um trabalho junto às Agentes de Desenvolvimento Infantil (ADIs) nas Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs), no sentido de inseri-las no ambiente escolar”, exemplifica.
O Programa de Atendimento aos Estomizados tem como objetivo garantir aos pacientes qualidade de vida. Um paciente estomizado pode ter uma vida normal. A maioria volta ao trabalho, retoma sua rotina social. Até porque existem complicações que tornam o procedimento inviável e de risco”, alerta. No caso de Roberto é vida que segue. “Com relação ao programa sou só elogios. Enquanto aguardo a cirurgia, recebi todo o cuidado que precisava”, conclui.