O número de mortes devido a overdose e suicídio supera as registradas por causa da diabetes nos Estados Unidos, segundo análise de dados públicos feita por um grupo de pesquisadores e publicada nesta segunda-feira (27) na revista "BMJ".
A pesquisa é liderada pelo Departamento de Epidemiologia da Universidade de West Virginia, em parceria com os Departamentos de Psiquiatria da Universidade de Rochester, em Nova York, e da Universidade Harvard, em Boston.
Os cientistas usam o conceito de "Mortalidade por autolesão" (Self-injury mortality, sigla SIM) que reúne dados relativos às mortes ocorridas por suicídios concluídos por qualquer método e uma estimativa de mortes não-intencionais devido ao uso de opioides e outras intoxicações ligadas ao uso de drogas em geral.
Os dados mostram:
Esses são os números mais recentes divulgados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão de saúde americano.
A análise mostra que a recorrência de mortes por suicídio e abuso de drogas está mais ligada à vida dos homens americanos. O número de óbitos entre pessoas do sexo masculino passou o registro de diabetes no país ainda em 2002. O mesmo não aconteceu no caso das mulheres: elas ainda morrem mais por diabetes, mesmo com uma queda na taxa entre os anos de 2000 e 2016.
O artigo lembra que o governo dos Estados Unidos iniciou uma estratégia de prevenção para doenças cardiovasculares, câncer de pulmão ligado ao fumo, HIV e acidentes de trânsito, o que gerou um entendimento epidemiológico sobre esses assuntos e contribuiu para atitudes políticas nos estados. O mesmo, de acordo com os autores, deve ocorrer devido ao abuso de drogas e alta no caso de doenças mentais.
Demi Lovato chamou a atenção devido a sua internação por uso de drogas. Ela é uma sobrevivente, mas 142 americanos morrem de overdose por dia, em média. Os opioides já matam mais que os acidentes de carro e os casos de homicídios somados no país. A taxa de mortes apenas pelo uso de drogas cresceu de 6,2 para 19,7 por 100 mil habitantes de 2000 até 2016.
A heroína está entre as drogas ilegais mais consumidas, de acordo com os CDC. Eles chamam a atenção, no entanto, para o número de overdoses pelo consumo de medicamentos comprados com receita médica: eles representam mais da metade dos das mortes pelo uso de drogas nos EUA.
No país, os analgésicos feitos à base de opioides são muito comuns. São fortes e com poder de adicção, fatores apontados para a alta no número de mortes.