Valinhos - Domingo, 21 de Junho de 2015 - Hora:22:18

Mãe biológica devolve filha à família adotiva de Indaiatuba

Justiça baiana autorizou a guarda provisória de uma menina de 5 anos que tinha sido adotada e depois devolvida à família biológica na cidade de Monte Santo, no Interior daquele Estado

Após dois anos de batalha judicial, uma das cinco crianças de Monte Santo, que foram adotadas por famílias de Campinas e de Indaiatuba, e mais tarde retornaram à Bahia por ordem da Justiça, foi devolvida para a mãe adotiva no final de semana.


O retorno foi possível graças à anulação da decisão do juiz Luis Roberto Cappio Pereira pelo Tribunal de Justiça da Bahia, e após a mãe biológica, Silvania Maria Mota Silva, demonstrar arrependimento em ter pedido a guarda, e vontade de que as crianças voltassem a conviver com as famílias paulistas.


A médica Letícia Cristina Fernandes Silva, 37 anos, passou o último final de semana com a filha, de 4 anos, de quem estava afastada desde dezembro de 2012.


Além da alegria de ter a filha ao seu lado, Letícia diz que o retorno também lavou a sua honra. Durante a batalha judicial, os pais adotivos foram acusados de tráfico de crianças.


Letícia foi à Bahia na última quinta-feira, alguns dias após Silvania ir a público dizer que queria devolver a criança. Ficou acordado que a entrega seria feita no Ministério Público, em Salvador.


A entrega ocorreu por meio de um acordo de devolução consensual, entre os pais biológicos da garota — Silvania e José Mário Silva —, a mãe adotiva (Letícia), juntamente com a promotoria de Monte Santo.


“Chegamos e foi um encontro muito bonito e muito emocionante, porque sofremos minha filha e eu nesse tempo todo. Fomos vítimas do sistema. Ela (Silvania) fez tudo o que fez porque prometeram casa e benefícios para ela. Ela aceitou e depois a abandonaram com os seis filhos. Por causa da dependência química, ela não conseguiu dar conta de tudo”, relata a médica.


Ainda na Bahia, a atual advogada de Letícia, Marilena Matiuzzi, fez o pedido de guarda provisória para que a médica pudesse deixar o Estado com a criança e foi concedido por um juiz de Salvador.



O reencontro com a filha, ainda na Bahia, foi emocionante, como relata a médica. “Na hora que cheguei, ela falou ‘mamãe’. A Silvania disse que a minha filha nunca esqueceu de mim. Foi muito bonito, porque depois de dois anos e seis meses ela, tão pequena como ainda é, me reconheceu”, disse.


Já em sua casa, em Indaiatuba, a felicidade da médica ficou completa com a família reunida. Letícia tem outro filho adotivo, da mesma idade da menina, e que sempre foi grudado com a irmã.


“O meu filho também está superfeliz porque não esqueceu da irmã. Foi ao aeroporto pegá-la e levou a bonequinha para devolver para ela. A nossa família está em festa”, emociona-se. Esta semana, a representante de Letícia entrará com o pedido de guarda definitiva em Indaiatuba, onde a criança reside atualmente.


Reviravolta


Os cinco irmãos vieram para a região em junho de 2011, quando o juiz Vitor Manoel Xavier Bizerra, com base em documentos apresentados pelo Conselho Tutelar de Monte Santo, e com o aval do MP, determinou a retirada das cinco crianças de Silvania.


Em sua decisão, alegou que os menores sofriam maus-tratos e que as famílias teriam a guarda provisória.


Em maio de 2012, Luis Roberto Cappio foi designado para a Comarca de Monte Santo, após denúncias de que cinco irmãos haviam sido traficados.


O caso ganhou repercussão nacional em outubro do mesmo ano, após veiculação de reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo, sobre o caso.


Em novembro de 2012, Cappio determinou o retorno dos menores para a Bahia. O magistrado publicou a sentença final em fevereiro de 2013, em que dizia que os cinco filhos haviam sido retirados de casa à revelia, e condenou as famílias adotivas a pagarem indenização por danos morais para Silvania e Jerôncio Souza, pais das crianças.


Letícia afirma que a devolução da filha também tirou o peso da acusação de tráfico de criança de suas costas.


“Foi muito grave o que fizeram comigo, com a minha filha, e com as demais famílias envolvidas no processo. Eu perdi o meu emprego e mudei de casa. Era apontada como a médica que traficava crianças e falavam que eu era a chefe de quadrilha. Depois mudaram o discurso e falaram em adoção irregular. Foi horrível a sensação de injustiça. A volta da minha filha também tira um peso das minhas costas e limpa o meu nome. Agora, as pessoas podem ver que eu sempre falei a verdade. E sempre acreditei que o amor vence tudo. O amor dela por mim e o meu por ela venceu”, contou.


A médica disse ainda que fechou a agenda por um tempo para ficar com os dois filhos.

Esperança e impasse 

Os pais afetivos dos outros quatro irmãos que permanecem na Bahia continuam esperançosos em recuperar a guarda dos filhos o mais breve possível. A advogada Lenora Thais Steffen Todt Panzetti, que acompanhou os processos desde o início e que, atualmente, representa duas famílias, explica que elas não foram devolvidas por meio de acordo consensual porque estão na casa de Jerôncio Souza, ex-companheiro de Silvania. "A guarda legal é da Silvania, mas o Jerôncio está de fato com os meninos, impedindo o contato das crianças com a genitora" , afirmou a advogada.

Ela explica ainda que o homem é pai biológico das duas crianças mais velhas, de 10 e de 8 anos. Porém registrou outros dois filhos de Silvania com José Mário, de 6 e de 5 anos, como pai biológico. "Os meninos só não estão retornando neste momento porque, para que isso acontecesse, precisaria haver consenso entre Silvania e Jerôncio - que constam como genitores no registro do nascimento dos quatro garotos, embora ele só seja pai biológico dos dois mais velho - ou através da determinação judicial do retorno" , afirmou.

Lenora esclareceu ainda que só foi possível a devolução da filha de Letícia neste momento porque o pai dela é o José Mário, que consta em seu registro de nascimento e, assim como Silvania, ele também estava de acordo com a devolução consensual, e porque houve a anulação da sentença do Juiz Cappio pelo Tribunal de Justiça. "As mãe estão esperançosas de que os meninos irão voltar e querem que aconteça logo, mas compreendendo que os procedimentos têm que ser feitos com a maior transparência e legalidade possível. "A volta da filha de Letícia é uma demonstração de que a justiça começou a ser feita. Elas esperam e confiam que os meninos voltarão e que esse retorno será feito da forma mais tranquila possível" .


Fonte: correio.rac.com.br
Enquetes
Fale conosco
Itupeva - Sp - Brasil
Contato comercial: Herikson Almeida
Telefone 11 9.9674-9857 - 11 9.4866-5716
Email: contato@gazetadeitupeva.com.br
Contato redação:
Email: redacao@gazetadeitupeva.com.br
Formulário de Contato
Copyright © 2024. Portal de Notícias Gazeta de Itupeva.
Todos os Direitos Reservados
Desenvolvedor Web