Nesta quinta-feira (17), a Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS) promoveu o Fórum de Luta Antimanicomial, no auditório do Paço Municipal. Além dos debates e discussões, as apresentações dos assistidos pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) marcaram a data com emoção entre os presentes. Jundiaí conta com rede estruturada para atendimento a partir dos princípios da política nacional de saúde mental e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Maria Agda Siqueira é mãe de Sheila, paciente assistida em uma das Residências Terapêuticas de Jundiaí. Ela contou a sua história: “Minha filha passou muitos anos internada em instituições na região de Sorocaba. Um dia, ao chegar para visitá-la, estava com o olho roxo e com um buraco no queixo. Disseram que ela tinha caído. Era muito sofrimento. Agora, com pouco tempo na Residência Terapêutica ela melhorou muito. Estão ensinando ela andar, a falar, a dar bom dia pelo telefone para mim. Temos que lutar para que esse formato de atendimento se espalhe para todos os lugares, porque ainda tem muita gente internada em instituições”, conta, emocionada.
O gestor da UGPS, Tiago Texera, ressaltou a importância do debate sobre o tema. “Promover o atendimento humanizado é a base. Jundiaí tem serviço de referência com rede multidisciplinar e projeto terapêutico singular. Depoimentos como o de dona Maria Agda valorizam o trabalho que é realizado por todos os profissionais”, pontuou.
“A cidade tem quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), o Consultório na Rua, os leitos de retaguarda na enfermaria do Hospital São Vicente de Paulo, o Centro de Convivência, Cultura, Trabalho e Geração de Renda (CECCO) além das duas residências terapêuticas que vieram para completar a rede. A Semana de Luta Antimanicomial destaca a importância do atendimento em rede, com humanização e ressocialização dos usuários com atividades que incentivam o desenvolvimento desta população”, acrescentou o coordenador da Saúde Mental, Alexandre Moreno Sandri.
O modelo de atenção discutido nos debates com especialistas no tema, assistidos e seus familiares, e que contou com apresentações artísticas foi elogiado por Antonio Vicente Moz, nascido em Jundiaí e que retornou à cidade para se reencontrar. “Eu fui jornalista, correspondente internacional. Trabalhei como assessor parlamentar e tive um jornal semanal e fazia um programa de rádio, em Santa Catarina. Perdi tudo isso por causa das drogas. Estava morando nas ruas de São Paulo quando resolvi voltar para Jundiaí, para acabar aqui. O que encontrei foi o contrário, o recomeço. Com o atendimento que é oferecido pelo CAPS AD, percebi que precisamos encontrar a felicidade dentro de nós, não dependendo de qualquer droga para isso. O amparo que tenho aqui, com a equipe multidisciplinar, me estimula a reescrever a minha vida, e, quem sabe, um livro de autoajuda”, contou.