A turma ouviu, atentamente, os resultados de um trabalho desenvolvido pelos técnicos do IEA. Ao final de cerca de sete horas de trabalho, pairava no ar um sentimento geral: o de que a agricultura familiar cabreuvana (em suas diversas vertentes) pode conquistar posições, tanto dentro da economia do município quanto ganhando espaço no Estado. E pelo menos dois encaminhamentos foram feitos, pelos integrantes da mesa que estava formada àquela altura do evento: a primeira sugestão é que os agricultores (especificamente aqueles que atuam nas produções de leite e de folhas) se reúnam para uma visita técnica a propriedades que foram mostradas por um dos palestrantes (o engenheiro agrônomo Wilson Tivelli, presidente da Comissão Técnica de Agricultura Ecológica e Periurbana da Secretaria de Agricultura do Estado de SP).
Em sua exposição, Tivelli deu grande destaque ao trabalho de agricultura orgânica (com mercado em franca expansão), bem como aos cuidados com a alimentação do gado leiteiro. Tivelli chegou a contar um ‘causo’. Disse que havia aprendido uma “simpatia” com um produtor de leite para se atingir o sucesso na área: “Você deve pegar o resto da comida que fica no coxo e passar nas costas das vacas”, ensinou – para, em seguida, perguntar à platéia o porquê da simpatia dar certo. A resposta veio: “Se sobrou comida no coxo, é porque o animal não está passando fome”. E prosseguiu: “A questão da alimentação do gado é fundamental para a qualidade do leite. Então, a primeira coisa é: acertar o seu pasto”.
O outro encaminhamento foi feito, ao final do seminário, pelo engenheiro agrônomo Afonso Peche Filho, professor na ESALQ no curso de Especialização em Manejo de Solos: “Cabreúva – e todas as cidades - precisam ter um Plano Municipal de Agricultura. É preciso um Plano, assim como programas e projetos. São etapas diferentes, com objetivos diferentes, mas fundamentais para que as metas sejam traçadas, perseguidas e alcançadas”. Em seu encaminhamento, Peche Filho sugeriu uma oficina com os agricultores cabreuvanos, para falar sobre este tripé: plano/programas/projetos.
Antes, em sua palestra, ele havia destacado a necessidade de o município conceber uma ‘política de segurança alimentar’, para que pudesse alcançar o que chamou de ‘soberania alimentar’ – ou seja, o quanto a cidade deve ser capaz de produzir cada espécie de alimento, para satisfazer de forma plena a sua população. “A soberania alimentar também é fundamental porque, através desse conceito, a cidade preserva sua cultura, mantém sua raízes na diversificação da agricultura e produz saúde, as pessoas ficam felizes e se mantém o equilíbrio do meio ambiente”.
O outro componente da mesa era o engenheiro agrônomo Roberto de Assumpção. Mestre em Ciências e também (assim como seus companheiros) pesquisador do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura do Estado de SP), Assumpção havia aberto a rodada de palestras, ao apresentar um resumo do diagnóstico do levantamento feito pelo IEA na agricultura de Cabreúva. O trabalho mostrou que o segmento agrícola cabreuvano tem, em sua maior parte, produções de alface, leite, ovos – e também há uma pecuária suína. No passado, os destaques foram para o café, laranja, cana de açúcar, tomate e feijão, entre as maiores culturas. Roberto de Assumpção também fez um paralelo entre a agricultura e o meio ambiente, ao destacar a formação geológica da Serra do Japi e, na sequência, lembrar das restrições quanto à fertilidade do solo cabreuvano – “em geral, suscetível à erosão”.
Balanço do evento
O secretário de Agricultura de Cabreúva, Gustavo Albano Júnior, ficou satisfeito com o seminário. “A conclusão é que devemos, cada um de nós, pensar nos nossos erros e acertos, refletir e aproveitar as sugestões destes profissionais que estiveram aqui hoje. Tenho convicção de que podemos fazer muito pela nossa agricultura e pelo nosso homem do campo”.
A mesma impressão foi compartilhada pelo prefeito Henrique Martin. “A agricultura é, historicamente, a base de nossa economia – mas continua sendo importante nos dias de hoje e, por isso, acredito que os ensinamentos deste seminário possam ser utilizados tanto pelos nossos agricultores como pelos municípios vizinhos”, declarou Henrique, também presidente da Aglomeração Urbana de Jundiaí.
A secretária de Meio Ambiente de Cabreúva, Rosimeire Rabelo Santos Timporim, ressaltou que todas as informações e sugestões deixadas pelos especialistas tem, em comum, o respeito ao ambiente, aos potenciais da cidade e também à própria história e as raízes do município.
Fonte: cabreuva.sp.gov.br