A PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), tratamento combinado de três remédios também conhecido como “pílula do dia seguinte do HIV”, teve a distribuição aumentada em 562,5% no SUS no estado de São Paulo nos últimos três anos, segundo informou reportagem da GloboNews. Foram 2.006 tratamentos em 2013, contra 13.291 em 2016.
Oferecido pelo SUS, o tratamento deve começar no máximo 72 horas após a suspeita de contato com o vírus da Aids, como em casos de violência sexual, sexo desprotegido e também para profissionais de saúde que se cortaram com agulhas, bisturis e alicates.
Só no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, um dos principais centros de referência para o tratamento de doenças infectocontagiosas em São Paulo, foram mais de 3.300 pessoas fazendo o tratamento entre janeiro e outubro de 2017. A demanda já é 12,4% maior em relação a todo o ano passado.
Em todos os estados do Brasil, o volume de medicamentos distribuídos quadriplicou em cinco anos. Em 2011, quando o coquetel passou a integrar o SUS de forma mais ampla, foram 14.297 atendimentos. No ano passado, o Ministério da Saúde registrou 57.714 casos. Neste ano, de janeiro a junho, foram 32,559 pessoas que recorreram ao coquetel emergencial.
De acordo com o médico infectologista Francisco Ivanildo, supervisor do ambulatório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, cerca de 70% dos pacientes que procuram o tratamento são homens.”Na sua maioria homens que fazem sexo com homens. Mas a gente também tem um número significativo de profissionais do sexo, de ambos os sexos, tanto homens quanto mulheres e transexuais também. E um número menor de mulheres”
Uma segunda medicação preventiva tem sido testada no Brasil desde 2013 por cinco projetos, incluindo pesquisas feitas pela Fiocruz e pela USP. A chamada PREP [Profilaxia Pré-Exposição] é uma pílula antiviral que deve ser tomada todos os dias, sem interrupção, antes de um possível contato com o HIV.
Há quatro meses, o estudante Yuri Buzo Henrique decidiu não esperar a distribuição da PREP pelo SUS e começou a bancar o próprio tratamento. Cada frasco com 30 comprimidos custa R$ 280 reais. Mesmo tomando o remédio, ele diz saber que a pílula sozinha não deve ser vista como único método de proteção contra a Aids.
“Eu gosto de comparar a um anticoncepcional: é uma coisa que você toma a iniciativa, que você toma todos os dias, pelo período que você desejar. Tenho 20 anos, sou homossexual e tenho uma vida sexual ativa. E isso já foi suficiente para mim para poder tomar a decisão de, de fato, começar o tratamento”, diz o estudante.