Jundiaí - Segunda-Feira, 12 de Junho de 2017 - Hora:12:43

Cultura de Jundiaí quer devolver o Centro das Artes às pessoas e anuncia licitação

 

Um pocket show com teatro, dança, música e até literatura de cordel ocorreu neste sábado (10), na Sala Rocha – que está fechada para reforma desde 2013. As apresentações conduziram o projeto “Café com o Artista”, promovido pela Unidade de Gestão de Cultura para dar voz aos representantes do segmento cultural da cidade. Desta vez, o encontro permitiu o diálogo aberto sobre o andamento das obras de reforma do Centro das Artes.

 

A gestora de Cultura, Vasti Ferrari Marques, explicou ao público presente o andamento das obras do espaço e também sobre a decisão da Prefeitura de Jundiaí em aceitar o distrato proposto pela empresa atual para poder abrir uma nova licitação.

 

“Em 2013, os Bombeiros apontaram que a forração do teatro deveria ser trocada, pois era feita com material com potencial inflamável. Se apenas isso tivesse sido feito, em pouco tempo o teatro já estaria liberado para uso, mas ficou decidido na ocasião, que se faria uma reforma completa. As obras começaram em agosto daquele ano, com previsão de estar concluída nos oito meses seguintes, mas até dezembro do ano passado, apenas 22% da obra havia sido realizado”, destacou Vasti, que usou a memória afetiva para citar os tempos em que o prédio do Centro das Artes abrigava o antigo Mercado Municipal de Jundiaí. “Entro aqui e ainda sinto cheiro de frutas”, brincou.

 

A solução encontrada para resolver o impasse com a construtora responsável pela obra foi aceitar o distrato amigável proposto pela empresa. “Existiam pendências de pagamentos ainda de 2016 com a construtora e tivemos de acertar isso para podermos encerrar este ciclo e iniciar um novo processo de licitação, concluir esta obra e devolvermos o Centro das Artes à população de Jundiaí”, destacou, lembrando que a obra estava sendo tocada sem um projeto técnico adequado devidamente avaliado, com licitação e um memorial descritivo com várias falhas.

 

Além da nova licitação, Vasti também lembrou que a Unidade de Gestão de Cultura está trabalhando para viabilizar parcerias público-privada que possam contribuir com mão-de-obra e material para diminuir os gastos aos cofres públicos. “Fizemos isso na recuperação do jardim do Solar do Barão e funcionou muito bem”, ressaltou. No caso do Centro das Artes, este tipo de parceria vai nascer sob inspiração da patrona que batiza o teatro com o seu nome: “Assim como a professora Glória Rocha, que era uma mulher forte e incentivadora das artes na cidade, temos muitas mulheres empresárias a quem vamos pedir apoio. Em troca, essas apoiadoras terão seus nomes colocados em cada uma das 300 poltronas do teatro”, afirmou a gestora.

 

Saudades do Teatro
Um monólogo sobre a tênue linha que divide artista e personagem, foi a forma como o ator jundiaiense Mário Rebouças escolheu para demonstrar a importância para a sua vida do teatro Glória Rocha, no Centro das Artes, onde participou da inauguração, em 1981, e depois, do histórico espetáculo “Deus lhe Pague”, encenado em meio às ruínas do teatro após um incêndio que lhe consumiu boa parte da estrutura.Outra artista que participou do pocket show e também da inauguração do Centro das Artes foi a cantora Clarina Fasanaro. Representando o segmento da dança, a bailarina Monalisa Pizzolato apresentou uma dança flamenca, relembrando bons momentos vividos naquele palco desde a infância.

 

Bailarina e coralista, a jundiaiense Lucy Pavlsh participou do evento e destacou a necessidade de que a classe artística também abrace a causa em prol do teatro. “A Prefeitura tem muito a fazer pela cidade, mas nós, artistas, também temos, por isso hoje estou aqui. Já me apresentei muitas vezes aqui no teatro e sinto muita falta do Glória Rocha. Quando ele estiver pronto, sei que continuará sendo a casa de muitos artistas que já estão na estrada há muito tempo, como também será a porta de entrada de outros tantos profissionais que estão nascendo”.

 

Para a regente Cláudia Feres, da Escola de Música de Jundiaí, a lembrança do Glória Rocha não cabe apenas à classe artística da cidade, mas a toda a população, que sempre esteve muito presente no teatro. “Já toquei aqui com a orquestra de crianças da EMJ e também com orquestras profissionais, mas o Glória Rocha é muito querido para mim desde a infância, quando eu estudava no Conde (Escola Conde do Parnaíba) e atravessava a rua para participar de feiras de ciências da escola”. Para Cláudia, a lacuna deixada pelo Centro das Artes só será preenchida com a sua reinauguração. “A localização dele é excelente e possibilita que o povo esteja próximo das artes.”

 

 

Com a reforma, o novo Centro das Artes terá de volta a Sala Glória Rocha, além de um pequeno auditório para 80 pessoas, para apresentações mais intimistas e uma sala moderna que permita a movimentação do palco e cadeiras, duas salas de ensaios, camarins, elevadores, centro de exposições e artes visuais, um espaço de cafeteria e até um piano. “Temos de amar o patrimônio da nossa cidade e estamos trabalhando muito para que Jundiaí seja conhecida também como a Terra da Cultura”, encerrou Vasti.

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