Nosso relacionamento com o dinheiro é, de maneira geral, complexo - entendê-lo pode ser um desafio até para os especialistas em comportamento.
A psicóloga Claudia Hammond, autora do recém-lançado livro Mind over Money (algo como "A mente no controle do dinheiro", em tradução livre) e apresentadora do programa The Psychology off Money ("A Psicologia do Dinheiro"), na BBC Radio 4, é especialista em analisar o modo como o dinheiro mexe com as nossas carteiras e cabeças.
Veja a seguir explicações e dicas que, segundo ela, ajudam a não gastar demais e a identificar algumas ciladas na hora de comprar.
Costumamos achar que somos bons em descobrir um excelente negócio - mas nem tudo o que parece é mesmo uma pechincha.
As armadilhas estão por toda parte e podem ser mais ou menos conhecidas. Desconfie.
A taxa de juros cobrada dos consumidores brasileiros que não pagam o valor total da fatura do cartão de crédito chega a 475% ao ano, de acordo com o Banco Central.
Esse percentual, também conhecido como rotativo do cartão, é um dos principais fatores do endividamento das famílias.
Outro risco muitas vezes esquecido é o cheque especial, que tem uma taxa de juros de mais de 300% ao ano.
Há pessoas que acreditam erroneamente que seu comportamento com o dinheiro é consequência da sua criação e do comportamento dos próprios pais. Mas você já notou que até irmãos gastam de maneira diferente?
Pessoas extrovertidas são mais abertas e despreocupadas em relação ao dinheiro. Já as meticulosas costumam poupar mais.
As lojas, inclusive as online, normalmente apresentam os produtos agrupados em três unidades.
Imagine que você quer comprar um computador barato: vai se deparar com três produtos similares na prateleira ou na página da internet. Cada um terá um preço, do mais barato ao mais caro.
Como o mais caro está sendo mostrado, pelo menos dois em cada três consumidores sempre comprará o computador de preço intermediário, em vez do mais barato.
É o chamado "efeito de comprometimento": quando fazemos compras, somos mais sensíveis a eventuais prejuízos e geralmente evitamos a opção mais barata por temer que o produto não seja bom.
É o caso de R$ 1,99, R$ 3,49 ou R$ 59.
As pessoas costumam achar que esses preços são bons porque o número nove frequentemente é usado em descontos.
O efeito psicológico é tão poderoso que muitas pessoas, ao verem algo de R$ 39 ao lado de outra coisa que custa R$ 35, acabam comprando o mais caro por acreditarem que se trata de um preço com desconto.
Se o custo de determinado alimento dobra porque a procura aumentou, evite.
Um bom exemplo são as frutas, legumes e verduras, cujas safras dependem das estações ou do clima.
Trata-se, por exemplo, de saber quanto um produto custava antes do desconto ou da liquidação para calcular bem quanto será economizado.
O ponto de referência também pode ser a comparação de preços em diferentes lojas.
As lojas mudam de tática constantemente, e isso tem um motivo: os consumidores costumam desmascará-las no intervalo de mais ou menos um ano.
Ou seja: o que os supermercados faziam há dez anos não é mais o que vale agora.
Nem sempre é possível comprar bem-estar. Por isso, se você estiver adquirindo algo que lhe faça sorrir, talvez seja o momento de se permitir esse luxo.
Não seja duro demais consigo mesmo.