Pesquisadores franceses identificaram de forma precisa a área do cérebro responsável pela audição de "vozes", relatada por muitas pessoas com esquizofrenia. O estudo financiado pelo Ministério da Saúde da França demonstrou a ação de pulsos magnéticos para melhorar a condição de alguns pacientes com a condição. O trabalho será apresentado nesta terça-feira (5), na 30ª edição do Congresso para Ciência e Tratamento das Doenças do Cérebro.
"Este é o primeiro estudo controlado para determinar com precisão uma área do cérebro, onde os pulsos magnéticos de alta frequência podem melhorar a audição das vozes", disse a autora principal, Sonia Dollfus, da Universidade de Caen, na França.
A esquizofrenia é um problema grave de saúde mental com longo prazo. Pessoas com a condição apresentam vários sintomias: delírios, pensamentos confusos e alucinações. Um dos mais conhecidos é a audição dessas "vozes", que acomete 70% dos esquizofrênicos.
Os pesquisadores identificaram a área do cérebro responsável e, depois, sugeriram a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) -- estímulos elétricos e magnéticos não-invasivos na área -- como uma forma de tratar a doença.
A equipe francesa trabalhou com 26 pacientes que receberam os estímulos. Outros 33 passaram por placebo. Depois, os participantes do tratamento foram entrevistados de acordo com um protocolo padrão.
De acordo com o artigo, os pacientes tratados receberam pulsos magnéticos de alta frequência por dois dias, com duas sessões diárias. Os estímulos foram direcionados para área específica do cérebro identificada no lobo temporal, a mesma associada ao nosso idioma.
Os participantes foram reavaliados após duas semanas. Os cientistas descobriram que 34,6% das pessoas que receberam a EMT apresentaram uma resposta significativa, contra 9% do grupo com placebo.
"Vozes auditivas podem ser um sintoma perturbador da esquizofrenia, tanto para os pacientes quanto para as pessoas próximas a ele. Este é o primeiro estudo controlado que mostra uma melhora para essas pessoas, visando uma parte específica do cérebro com o uso de EMT de alta frequência", disse Dollfus.
"Isso significa duas coisas: primeiro, agora temos certeza que encontramos a área específica do cérebro associada às alucinações; em segundo lugar, mostramos que o tratamento com EMT faz diferença para pelo menos uma parte dos esquizofrênicos, embora haja um longo caminho que ainda precisamos percorrer", completou.