A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, pela sua sigla em inglês) ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2017. O anúncio da premiação foi feito na manhã desta sexta-feira (6), em Oslo, na Noruega.
A organização foi premiada por seu trabalho para chamar a atenção para as consequências humanitárias catastróficas do uso de armas nucleares e pelos seus esforços inovadores para conseguir uma proibição da utilização dessas armas. A ICAN reúne mais de 400 entidades e ONGs com representação em mais de 100 nações.
"Nós vivemos em um mundo onde o risco de armas nucleares serem usadas é maior do que tem sido há muito tempo", disse Berit Reiss-Andersen, líder do Comitê Norueguês do Nobel, ao anunciar o ganhador do prêmio.
De acordo com o comitê, o prêmio acontece em um momento em que vários países estão modernizando os seus arsenais, como a Coreia do Norte.
A líder da associação, Beatrice Fihn, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano Kim Jong-Un devem saber que armas nucleares são ilegais. Ao responder ao pedido de dar uma mensagem aos dois líderes, ela foi enfática, segundo a Reuters.
Ao receber o telefonema que lhe comunicou o prêmio, Beatrice Fihn disse ter ficado "em choque" com a notícia. "É incrível, uma honra", declarou, surpresa. A ativista é uma das três pessoas que trabalham em um pequeno escritório em Genebra, a sede da ICAN, que reúne mais de 400 entidades e ONGs, segundo a Efe. A organização, que começou na Austrália, foi lançada oficialmente em Viena em 2007.
Daniela Varano, porta-voz da Ican, disse à Reuters que a organização ficou muito entusiamada por ter ganho o prêmio.
"É um grande reconhecimento para o trabalho que fizeram os ativistas ao longo dos anos e especialmente o Hibakusha (como são chamadas as pessoas afetadas pelas bombas atômicas no Japão). Esse testemunho foi crítico, crucial e para um sucesso tão surpreendente", afirmou.
O Tratado Global para Proibir as Armas Nucleares foi aberto para assinaturas no dia 20 de setembro e entrará em vigor 90 dias depois que 50 países - dos 122 que o votaram - o ratifiquem. Ele proíbe o desenvolvimento, testes, produção, fabricação, aquisição, posse ou armazenamento de armas nucleares.
O prêmio é anunciado ainda em um momento em que, além da guerra verbal que Trump trava com a Coreia do Norte, o governo americano ameaça revogar o acordo nuclear com o Irã- a quem Trump acusa de não estar cumprindo os termos do acordo. Em seu discurso de estreia na assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) deste ano, o americano classificou o acordo como vergonhoso.
"O acordo com o Irã é uma das piores transações (...) Francamente, este acordo é uma vergonha para os Estados Unidos". Em 15 de outubro, Trump vai se pronunciar no Congresso americano se ele considera que Teerã respeita seus compromissos, como indicado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).