Uma dor inimaginável e um sofrimento sem comparação à realidade dos presentes: foi o que a senhora Nanette Blitz, judia sobrevivente do holocausto, apresentou na tarde de segunda-feira, 12, na Biblioteca Municipal. A senhora holandesa, de 88 anos, é conhecida por ter sido amiga de Anne Frank e falou aos presentes um pouco sobre a sua história: antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial.
O evento realizado pela Secretaria de Cultura e Turismo, em parceria com o Instituto Plataforma Brasil, teve como objetivo inaugurar a exposição ‘Lendo e Escrevendo com Anne Frank’, que ficará até o fim de julho na Biblioteca. Estiveram presentes alunos da EMEB Thereza Spina Zacchi, que fica no Caí, e alunos do Colégio Monteiro Lobato, de Itu, além de professores e cidadãos cabreuvanos.
Na abertura do evento, os alunos da EMEB Thereza apresentaram uma peça teatral sobre a vida de Anne Frank durante os dois anos em que esteve escondida com sua família no anexo e homenagearam Nanette com um cartão. Por todo o público era possível encontrar quem secasse as lágrimas, no final.
Em seguida, a senhora Nanette tomou a palavra e mesmo as crianças de dez anos ficaram em concentrado silêncio para ouvi-la. Ela apresentou uma contextualização histórica, social, econômica e, principalmente, familiar. Contou sobre as dores e os medos de viver durante uma guerra e sofrer com violência e intolerância religiosa. “Eu tinha quatorze anos e não tinha mais pai, não tinha mãe, não tinha lar. Já imaginou?”, disse Nanette.
Nanette também falou bastante sobre suas lembranças de Anne e sua família. “Jamais esquecerei nosso encontro emocionante. Quando encontrei Anne em Bergen-Belsen em 1943, ela tremia de frio e estava embrulhada em um cobertor porque não aguentava mais suas roupas cheias de piolhos e estava completamente debilitada. Isso foi mais ou menos um mês antes da morte dela”, contou.
Ao final da palestra, Nanette respondeu as perguntas dos presentes. As crianças fizeram perguntas sobre o medo, sobre a vida durante a guerra, a amizade com Anne, a religião de seu marido, os sentimentos e reações dela ao chegar no campo de concentração e se ela teria conhecido Hitler. Ao final, um dos presentes pediu a ela, que não desistiu de sobreviver, um conselho aos jovens que, por tão pouco, desistem da vida: “Vocês precisam lembrar que a vida é uma só e fazer o melhor que puderem dessa vida e, sempre que puderem, ajudar uns aos outros.”