Um buraco negro de aproximadamente 690 milhões de anos foi observado pela primeira vez por um time de astrônomos de várias instituições do mundo. Trata-se do buraco negro mais distante da Terra observado até agora e, provavelmente, o mais antigo. A estrutura é considerada uma "criança" perto da idade do universo (de 13,82 bilhões de anos). O feito foi publicado na edição desta quarta-feira (6) da revista "Nature".
O buraco é considerado supermassivo com massa 800 milhões de vezes mais densa que o Sol e está localizado dentro de um quasar, os objetos mais brilhantes do universo. Cientistas estimam que ele é de uma época cósmica conhecida como 'Época da Reionização' -- quando a maior parte do universo estava coberta por hidrogênio neutro mas, com a chegada das primeiras estrelas, passou a ser "ionizado".
Nesse processo, as estrelas emitem radiação suficiente para que elétrons do núcleo do hidrogênio "se solte". Assim, o hidrogênio se ioniza. Os astrônomos estimam que esse buraco negro tenha surgido numa fase de transição em que o universo estava metade neutro e metade ionizado.
Antes da descoberta, o buraco negro mais antigo teria surgido aproximadamente 800 milhões de anos após o Big Bang, considerado o marco da criação do universo, com idade estimada de 13,82 bilhões de anos.
Como surgiram no começo da formação do cosmo como ele é hoje, os buracos negros são usados para estudar as formações iniciais do universo.
O que é um buraco negro
É uma região do espaço onde a gravidade é tão forte que nem a luz escapa -- o que deixa esses buracos "invisíveis" ou "negros" |
Os astrônomos conseguem observar esses buracos invisíveis de forma indireta: como a gravidade é muito grande, eles observam o comportamento das estrelas ao redor da estrutura |
O buraco negro pode intensificar a luz e retirar gases do interior das estrelas. Esses gases formam um disco de gás ao redor do buraco |
Submetidos a altas temperaturas, esses gases liberam raio-x. É por meio da medição desses raios que os astrônomos conseguem chegar aos buracos negros |
Primeiramente, o buraco negro foi descoberto por Eduardo Bañados, do Carnegie Science. O observatório está situado na Califórnia e é operado por um consórcio entre as Universidade do Arizona, o Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), a Universidade de Harvard e a Universidade de Michigan, todas nos Estados Unidos.
Depois, Banãdos juntou um time de cientistas para que o achado fosse analisado em detalhes.
O pesquisador utilizou um instrumento conhecido como FIRE, ferramenta que classifica objetos por meio dos raios emitidos (ver quadro "O que é um buraco negro"). A técnica é baseada na premissa de que a luz de elementos mais distantes no universo tendem ao vermelho.
Na física, o fenômeno é conhecido como "redshift" (desvio para o vermelho). Quanto mais desviado para o vermelho, mais distante um objeto está de seu receptor.
Com o FIRE, Bañados estimou que o buraco negro tinha um "redshift" de 7,5, o que fez com que os cientistas conseguissem estimar sua idade e sua massa -- 800 milhões de vezes superiores a do Sol. Antes, o buraco negro mais distante observado apresentava um desvio para o vermelho de 7,09.