Marco Polo del Nero, presidente da CBF, está estimulando renegociação com a Globo
Em janeiro, no jogo entre Brasil e Colômbia em homenagem às vítimas do voo da Chapecoense, CBF e Globo já haviam discordado sobre o direito exclusivo para tal transmissão e não fecharam um acordo. A confederação liberou o sinal a todas as emissoras e fez o primeiro "teste" em seu Facebook.
Era o primeiro passo de uma possível "independência" nas transmissões. Desta vez, novo impasse. De acordo com a versão oficial, não houve acordo em relação a valores, em notas sem ataques ou discordâncias.
Segundo pessoas de ambos os lados ouvidas pela reportagem, o fato de a Globo não transmitir um jogo da seleção em data Fifa após anos não chega a simbolizar uma ruptura no "casamento". Profissionais da emissora e da CBF reforçaram que o diálogo pelos direitos de transmissões ainda é bom. A emissora, inclusive, já pensa nas transmissões dos amistosos que o time de Tite fará até a Copa do Mundo de 2018, na Rússia – serão no mínimo mais seis até lá.
Ainda assim, o futuro após o Mundial está aberto. Desejando uma receita maior, a CBF aperta a Globo e tenta fazer a emissora abrir os cofres ao sinalizar com um "bid" – espécie de leilão – pelos direitos do próximo ciclo, de 2018 a 2022.
A entidade comandada por Marco Polo Del Nero acredita que, em um novo momento de plataformas digitais alternativas, é possível faturar mais. A ideia é vender anúncios no Facebook, inclusive para os próprios patrocinadores da entidade, que podem gerar R$ 500 mil por cota para os cofres. Ou seja, dá para cobrir o valor pago pela Globo se a comercialização for bem-sucedida.
E quem atua juntamente com a entidade para explorar essas receitas é Marcelo Campos Pinto, ex-dirigente todo-poderoso da Globo que saiu após os escândalos de corrupção do Fifa Gate, como mostrou o Blog do Juca Kfouri. Ele também tem uma relação muito próxima com o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, envolvido em acusações de desvios da entidade. Não está claro qual o efeito de sua participação no negócio e no futuro da relação com a emissora.
Mas, para os dirigentes da Confederação, é preciso ter muita certeza sobre as receitas geradas no futuro para se comprar uma briga com um parceiro do tamanho da Globo. Para os dois lados, a seleção brasileira representa um milionário faturamento nos moldes atuais.
A incerteza também ronda os patrocinadores da CBF. Ainda que acreditem numa mudança de modelo de transmissão, alguns procuraram a confederação com certo tom de preocupação em não ver sua marca exposta na TV aberta com maior alcance nacional.
Com a seleção brasileira já classificada para a Copa do Mundo da Rússia, os jogos contra Argentina e Austrália se tornaram sinônimos de testes não apenas para Tite, mas também para os negócios de CBF, Globo e outras emissoras e plataformas.