Um estudo publicado nesta quarta-feira (23) no “JAMA Psychiatry” sugere que alterações genéticas na mitocôndria estão ligadas ao autismo.
Localizadas no interior das células, as mitocôndrias são estruturas essenciais para a produção de energia.
Para chegar a essa conclusão, primeiro, a pesquisa do Children’s Hospital of Philadelphia, nos Estados Unidos, analisou o DNA de mitocôndrias de 963 famílias (1624 autistas e 2417 pais e irmãos saudáveis). Depois, cientistas compararam esse material genético com um "banco" de DNA de mitocôndrias.
Após a comparação, o estudo conseguiu identificar que mutações presentes em alguns DNAs “antigos” estão ligadas a alterações observadas no DNA de autistas.
O grupo também relacionou esse achado com riscos em determinadas populões. Para facilitar a análise, os cientistas Douglas Wallace, Dimitra Chalkia, Larry Singh e colaboradores dividiram esses padrões de alterações em grupos.
Assim, observaram que os indivíduos europeus pertencentes aos grupos designados “I, J, K, X, T e U” apresentaram riscos significativamente maiores de autismo em comparação ao grupo mais comum, o "HHV".
Os grupos asiáticos e americanos designados como “A e M” também apresentaram maior risco para o transtorno.
A análise foi possível porque estudos prévios de Wallace, coordenador da pesquisa, estabeleceu uma espécie de um “banco” de DNA de mitocôndrias que consegue ligar esse material genético com correntes migratórias e, portanto, com determinadas populções.
As mitocôndrias possuem o seu próprio DNA e, com isso, regulam a produção de energia em todo o corpo -- o que afeta a nossa saúde em geral, aponta o estudo.
Como o cérebro é particularmente vulnerável a deficiências de energia, alterações no funcionamento da mitocôndria podem estar relacionadas com distúrbios neuropsiquiátricos.
O próprio grupo de Wallace já havia demonstrado que disfunções na organela podem alterar estados de excitação e inibição da excitação no cérebro – mecanismo crucial em doenças mentais.