A inadimplência do consumidor brasileiro atingiu em maio a maior alta mensal do ano, um crescimento de 4,8% em relação a abril. No confronto com maio de 2014, o aumento foi de 14,9%. Também ficou em 14,9% a elevação dos atrasos de pagamento no acumulado dos cinco primeiros meses do ano sobre o mesmo período de 2014, segundo dados da Serasa Experian, empresa de análise de crédito.
O crescimento da inadimplência é um tormento para as empresas que veem o dinheiro de suas vendas não chegar ao caixa e podem ter o equilíbrio das finanças comprometido. Para os donos de pequenos negócios a situação é até pior se comparados aos de maior porte, pois têm reduzida margem de manobra para lidar com calotes. Esses empresários muitas vezes nem sabem como cobrar de forma eficaz os atrasados. E cá entre nós, não é das tarefas mais agradáveis.
Mas não há o que inventar nessa hora. O Código de Defesa do Consumidor impõe limites para a maneira como isso pode ser feito como não expor o inadimplente à situação vexatória.
O primeiro passo para correr atrás do que é devido é agir no tempo certo. O contato com o cliente não deve demorar. É recomendado telefonar para ele entre três e dez dias após a data de vencimento. Estudo da Serasa mostra que a probabilidade de obter o pagamento nos primeiros 30 dias é de 60%. Com o passar do tempo essa porcentagem vai caindo.
Se depois de 30 dias não houver resultado, a próxima medida é enviar carta de cobrança ou notificação pelo correio, com aviso de recebimento, para assegurar que o devedor seja alertado. Nessa comunicação devem estar o valor da dívida e o novo prazo para quitação e informação que, em caso de não cumprimento da obrigação, órgãos de proteção ao crédito serão acionados.
Se tampouco isso funcionar, a empresa pode entrar com ação judicial.
Períodos de crise econômica como o atual produzem efeitos negativos em série, com crescimento do desemprego, redução da renda da população e consequente aumento da inadimplência. O importante é conseguir receber e, se não for o caso de um devedor contumaz (a falta de pagamento pode ser um problema pontual), manter o cliente para que volte a consumir seu produto. Em caso de dúvida, procure o Sebrae-SP.
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP