A taxa de desemprego chegou a 6,4% em abril, a maior para o mês desde 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também é o maior índice desde março de 2011 se considerados todos os meses. Reflexo do mau momento da economia brasileira que, pelo andar da carruagem, terá 2015 como um ano muito difícil.
Para muitos dos trabalhadores demitidos e que não conseguem se recolocar no mercado, a opção é partir para o negócio próprio. O problema é que, nesse caso, o empreendedorismo é fruto da necessidade e não da oportunidade. Conforme a mais recente pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 2014, realizada no Brasil pelo SEBRAE e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), de cada 100 negócios abertos no País, 29 surgem por necessidade.
O empreendedorismo por necessidade nasce do desespero, como última solução para se ter uma fonte de renda, atropelando mandamentos da boa gestão. Não há uma preparação para iniciar o negócio. O sujeito investe seu dinheiro em um terreno que mal conhece, pois não estudou o mercado, as possibilidades e os perigos, entre tantos outros pontos.
O empreendedor nem sabe se reúne as características pessoais essenciais para comandar uma empresa (e que podem ser desenvolvidas). Levantamento do Sebrae-SP mostra que as principais causas da morte das empresas são justamente a falta de planejamento, a má gestão e o comportamento empreendedor.
Outros números ajudam a completar o quadro. Só no primeiro trimestre deste ano, nasceram quase 500 mil empresas em todo o País, cerca de 11 mil a mais do que em igual período de 2014. Em abril 161 empreendimentos fecharam as portas. No mesmo mês de 2014 foram 130. Resumindo: desemprego maior e mais empresas abrindo e falindo.
Empreender por necessidade e sem a devida preparação não é o fim do mundo. Pode dar certo, porém os riscos são muito maiores. O empresário deve ter em mente que precisará correr atrás de capacitação para minimizar erros. É provável que durante a trajetória seja obrigado a apagar vários incêndios extras. Mas o verdadeiro empreendedor é perseverante e não hesita em pedir orientação para melhorar.
O empreendedorismo pode ser a saída - e realização - profissional. Fácil não é, mas com empenho e o correto direcionamento é possível ser bem-sucedido.
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP