Em 2017, o Lollapalooza Brasil e o Rock in Rio, os dois principais festivais de música do Brasil, adotaram as pulseiras no lugar dos ingressos de papel. Mas o que essa mudança significa pra você daqui em diante?
Até 2015, o Rock in Rio usava um cartão como ingresso. Juliana Ribeiro afirma que a mudança para as pulseiras não aconteceu para corrigir algum problema detectado nas edições anteriores do festival, mas para agilizar a entrada dos visitantes e integrá-los às atrações do Rock in Rio.
"Tentamos trazer as pulseiras pela evolução de tecnologia. E até para melhorar a experiência dentro do Rock in Rio e fazer a integração com algumas ativações que temos. Com ela, o visitante não precisa de mais um cadastro. A ideia é unificar tudo e todos dentro da Cidade do Rock", diz.
Além de garantir a entrada no festival, a pulseira agenda passeios nos brinquedos, acompanha o fluxo de visitantes pelas atrações, como a área Game XP, e ajuda o festival a se preparar antes mesmo dos shows começarem.
"Estamos fazendo um mapeamento de todas as pessoas do nosso plano de acessibilidade a partir do registro da pulseira. E conseguimos identificar quantas pessoas por dia precisarão de algum tipo de necessidade especial", diz a executiva. "Também observamos a dimensão dos transportes. As pessoas estão informando por onde pretendem chegar. Até pra quem quer vir de carro saber se haverá vaga".
Juliana diz que foram fabricadas mais de 700 mil pulseiras para o Rock in Rio. O custo de cada uma delas? Pelo menos cinco vezes o de uma entrada convencional.
Sim, mas não agora, na opinião de Pat Poels. A solução das pulseiras é moderna, agiliza o check-in em eventos e pode até funcionar como forma de pagamento. Mas ambas ainda devem conviver juntas por um bom tempo enquanto uma terceira, a via celulares, trabalha para ser a número 1.
Poels diz que é raro um evento nos Estados Unidos apresentar só uma forma de entrada. Mas pelo andar da carruagem, se você não gosta de carregar coisas em shows ou tem medo de ser roubado, talvez não tenha jeito: o smartphone pode ser obrigatório em futuros festivais.
"Nosso objetivo, além das pulseiras com RFID [radiofrequência], é usar a tecnologia para levar os ingressos aos smartphones. As pulseiras têm mais tecnologia que o ingresso de papel, mas menos que os celulares", diz o executivo.
A aposta nos dispositivos de bolso tenta resolver o problema do custo, Mas também é uma forma de turbinar o evento.
Poels acredita que o nível de tecnologia do seu smartphone pode afetar a sua experiência em um festival, mas não vai bloquera as necessidades básicas. "Você não precisa de um aplicativo para ter um leitor de código de barras. Isso pode ser feito em aparelhos modestos", explica.
RFID é uma tecnologia de radiofrequência usada fazer a comunicação entre torres espalhadas pelos eventos e as pulseiras.
Nos parques da Disney, por exemplo, o visitante pode fazer uma configuração prévia dizendo qual prato quer comer em um determinado restaurante. A tecnologia é capaz de identificar quando ele chegou ao local e emitir o pedido desejado à cozinha automaticamente. Depois, reconhece onde o cliente se sentou e já encaminha a direção aos garçons do estabelecimento.
Juliana Ribeiro diz que as pulseiras do Rock in Rio não armazenam nenhum dado associado a cartões de crédito, mesmo porque elas não usam a tecnologia de pagamento por aproximação.
Mas quando usada para esses e outros fins, é preciso atenção. "Quando você possui a tecnologia necessária para rastrear tudo que uma pessoa faz em um evento, cada passo que ela dá, o tempo que ela gastou, é preciso ter cuidado com essa informação", diz Poels.
"É muito importante que os organizadores saibam disso e que nós protejamos isso. Para garantir que essas informações não sejam dadas a ninguém".